BC sobe juros para 4,25% ao ano, maior patamar desde fevereiro de 2020

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu hoje, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros da economia (Selic) em 0,75 ponto percentual, de 3,50% para 4,25% ao ano — o maior patamar registrado desde o início de fevereiro do ano passado, quando a Selic estava em 4,50% ao ano.

Para a tomada de decisão, o BC considerou que a pressão inflacionária “revela-se maior que o esperado”, principalmente entre os bens industriais. Paralelamente, a piora do cenário hídrico sobre as tarifas de energia elétrica contribui para manter os preços em alta no curto prazo, apesar da recente valorização do real frente ao dólar.

O Copom ainda deixou em aberto a possibilidade de um novo aumento da mesma magnitude na próxima reunião, marcada para daqui 45 dias. Se a previsão se cumprir, os juros saltarão para 5% ao ano, mesmo percentual vigente em dezembro de 2019.

“Contudo, uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários. (…) Essa avaliação também dependerá da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e de como esses fatores afetam as projeções de inflação”, ponderou, sugerindo que o próximo reajuste pode ser ainda maior se a alta nos preços persistir.

Terceira alta seguida

É a terceira reunião consecutiva em que o BC decide pela alta, e a medida já era esperada por analistas. Antes disso, os juros passaram sete meses — de agosto de 2020 a março de 2021 — em seu patamar mínimo histórico (2% ao ano), ainda na esteira das preocupações sobre os efeitos da pandemia da covid-19 no Brasil e no mundo. Foram quatro reuniões do Copom sem alterações na Selic até o aumento anunciado em março, para 2,75%.

Depois, em maio, foi feito um novo reajuste de 0,75 ponto percentual, para 3,50% ao ano. Na ocasião, o Copom já havia sinalizado a possibilidade de um nova alta da mesma magnitude na próxima reunião, o que acabou se cumprindo hoje.

Selic nas últimas 10 reuniões

  • 16 de junho de 2021: 4,25% ao ano
  • 5 de maio de 2021: 3,50% ao ano
  • 17 de março de 2021: 2,75% ao ano
  • 20 de janeiro de 2021: 2% ao ano
  • 9 de dezembro de 2020: 2% ao ano
  • 28 de outubro de 2020: 2% ao ano
  • 16 de setembro de 2020: 2% ao ano
  • 5 de agosto de 2020: 2% ao ano
  • 17 de junho de 2020: 2,25% ao ano
  • 6 de maio de 2020: 3% ao ano.

Juros x inflação

Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação ou tentar estimular a economia. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo. A meta de 2021 é que a inflação seja de 3,75%, mas há uma tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo — ou seja: pode variar entre 2,25% e 5,25%. No ano passado, a inflação fechou em 4,52%, a maior desde 2016 (6,29%) e acima do centro da meta do governo para 2020 (4%). O índice de maio deste ano, o último divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ficou em 0,83%, a maior alta para o mês em 25 anos, desde 1996 (1,22%). Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada é de 8,06%.

Consumidor paga mais

A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos por ela corrigidos. Ela não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.

E poupança ainda rende menos

Com os juros baixos, a poupança rende menos devido a uma regra criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial). Porém, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR. O Copom se reúne a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro — ontem —, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do comitê, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.

Fonte: Agência Brasil

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