Você já teve a sensação de estar conduzindo sua carreira em um piloto automático? Você cresce em uma determinada direção, mas sem um planejamento e análise dos seus interesses e objetivos? Ou, quem sabe, tem interesse em se envolver em um projeto desafiador dentro da sua empresa, mas sente que não possui as competências necessárias – e não sabe como começar a desenvolvê-las? Esses são apenas dois dos possíveis cenários nos quais o desenvolvimento de um PDI (Plano de Desenvolvimento Individual) pode ser extremamente útil.
Conhecer essa ferramenta de desenvolvimento de pessoas tão difundida no meio empresarial vai possibilitar que você reflita de forma proativa acerca da sua carreira. E, caso esteja em uma posição de liderança, vai possibilitar que você dê suporte ao desenvolvimento dos seus colaboradores.
Sendo assim, ao final desse artigo, você será capaz de não somente entender a sistemática de um Plano Individual de Desenvolvimento como, também, aplicá-lo de forma simples e efetiva. Boa leitura!
O que é PDI – Plano de Desenvolvimento Individual?
O PDI (Plano de Desenvolvimento Individual) é uma prática da Gestão de Pessoas, ou seja, o conjunto de processos com o objetivo de reter, engajar e desenvolver talentos dentro das organizações. Nesse sentido, entende-se que o PDI é uma ferramenta muito valiosa, pois permite impactar positivamente nos três principais objetivos da gestão de pessoas como um todo.
Como mencionado, essa é uma prática bastante difundida no meio empresarial, mas sua aplicação não para por aí: você sabia que pode construir um PDI para objetivos pessoais também? Uma vez que essa ferramenta possui um nível considerável de flexibilidade, permite que trabalhemos com diferentes objetivos – sejam eles correlatos à sua carreira ou não!
Em resumo, pode-se entender o PDI como um processo de desenvolvimento sistemático, uma vez que a partir dele é possível identificar um (ou mais) objetivos. E, então, cascateá-los para ações específicas, mensuráveis e passíveis de serem acompanhadas no dia-a-dia.
Se você já teve curiosidade de ler/estudar um pouco mais sobre desenvolvimento de pessoas, deve ter se deparado com o conceito da construção da linha que conecta o ponto A ao ponto B. Aqui, entende-se o ponto A como a situação atual e ponto B como a situação pretendida.
A ferramenta de PDI, nesse sentido, é uma ótima forma de construir essa conexão, pois permite que você identifique em profundidade a sua situação atual no que tange ao seu desenvolvimento (Ponto A). Além disso, possibilita entender com clareza o seu ponto B, ou seja, o objetivo de desenvolvimento e, a partir disso, as ações para percorrer esse caminho.
Qual a função do PDI?
Como já citamos, o PDI é uma ferramenta bastante flexível. Por conta disso, ele acaba possuindo diferentes funções e oportunidades de utilização. Ainda assim, pode-se citar que sua principal função/objetivo é possibilitar a criação de uma estratégia de desenvolvimento que seja desdobrada em ações práticas e sistemáticas – com prazos e metas definidos. Nesse sentido, o PDI torna o processo de desenvolvimento de uma (ou mais) competência mais tangível e prático, aumentando as chances de sucesso.
Por se tratar de uma ferramenta bastante completa e que trabalha com alto nível de detalhamento, o PDI é uma ótima forma de tirar as ideias relacionadas ao seu desenvolvimento do papel. Diferente de uma série de ferramentas de desenvolvimento de pessoas, o PDI extrapola o universo subjetivo e reflexivo do processo de desenvolvimento – o que também é extremamente importante!
Assim, ele traz um grande viés prático e, principalmente, de acompanhamento. Dessa forma, a mensuração de evolução ao longo do processo acaba sendo muito mais fácil. E, em muitos casos, serve de combustível para seguir o caminho desenhado (ou para corrigir a rota em caso de necessidade).
No âmbito empresarial, se trata de uma ótima forma de conectar os interesses individuais dos colaboradores com os interesses da organização. Ao longo desse artigo, falaremos um pouco mais sobre algumas dicas para desenvolver um bom PDI. Uma delas, inclusive, é se utilizar de muita transparência para discutir o futuro.
Dessa forma, é possível entender a intersecção entre os objetivos dos colaboradores e o futuro observado pela organização para estes. Essa discussão aberta e transparente pode impactar de forma muito positiva, por exemplo, na retenção de talentos e engajamento da equipe.
Benefícios do PDI
Como já mencionamos, o PDI pode trazer inúmeros benefícios para você e para sua organização, abaixo listamos alguns dos principais:
Desenvolvimento individual
Sabemos que essa ferramenta pode ser utilizada no sentido individual, ou seja, para o seu próprio desenvolvimento – seja pessoal ou profissional. Nesse sentido, os maiores benefícios que você pode obter são:
Visão macro do seu desenvolvimento
O Plano de Desenvolvimento Individual permite uma visão sistêmica acerca do seu processo de desenvolvimento. Muitas vezes, acabamos evoluindo em determinados aspectos e competências como consequência da realidade profissional na qual estamos inseridos, de forma natural.
Sendo assim, o exercício de reflexão e desdobramento do seu desenvolvimento em um plano faz com que você consiga enxergar a conexão entre os diferentes pontos a serem desenvolvidos. Além disso mostra as oportunidades às quais você tem acesso.
Clareza
Uma vez que você é capaz de enxergar o seu desenvolvimento de forma coesa e sistêmica, o seu nível de clareza será muito maior. Dessa forma, será possível identificar momentos na sua rotina dos quais você poderá fazer uso de modo a otimizar seu processo de crescimento.
Autonomia:
Por fim, mas não menos importante, desenvolver o seu plano de desenvolvimento proporcionará autonomia a você. Como citamos no primeiro item, você passará a ter muito mais entendimento das suas oportunidades de desenvolvimento e poderá conduzir esse processo de forma consciente. É uma ótima maneira de adotar uma postura mais ativa em relação ao seu crescimento pessoal e profissional.
Desenvolvimento coletivo
Sob a ótica da empresa, o PDI se mostra, também, muito valioso. Nesse sentido, pode-se levar em consideração tanto o viés do líder que auxilia seu liderado no desenvolvimento do PDI, quanto, também, da própria empresa que se beneficiará do processo como um todo.
Dentro dessas lógicas, abaixo você confere os principais resultados:
Alinhamento de expectativas:
Por meio do PDI, é possível que haja um maior alinhamento entre as expectativas do colaborador e da organização/área. Isso ocorre uma vez que ele abre um espaço de diálogo entre as partes. Ainda assim, é importante que esse diálogo seja conduzido de forma transparente por todos os envolvidos (vamos falar um pouquinho mais sobre esse ponto nas dicas finais!).
Aproximação:
O processo de diálogo acerca do desenvolvimento de um colaborador possui um potencial gigantesco de criar aproximação. Isso pois abre um espaço de vulnerabilidade e parceria quando conduzido de forma genuína. Ajudar seu time a construir seus PDIs, portanto, pode ser uma ótima forma de criar proximidade e rede de apoio!
Potencialização de competências:
Ao auxiliar seu time na condução do processo de Plano de Desenvolvimento você pode buscar vincular as competências importantes de serem desenvolvidas considerando os objetivos da sua empresa/área aos interesses dos seus colaboradores. Essa intersecção gera um maior engajamento e relação de ganha-ganha entre ambas as partes.
Retenção de talentos:
Por fim, a perspectiva de futuro e intersecção entre interesses pessoais e os da organização geram, em muitos casos, um efeito de motivação e engajamento por parte da equipe. Um indicador muito controlado pela gestão de pessoas que é diretamente impactado pelo desenvolvimento do PDI é a retenção de talentos.
4 estágios do Plano de Desenvolvimento Individual
Agora que você já sabe o que é o PDI e os benefícios que a prática traz para as empresas, chegou a hora de aprender a colocá-lo em prática. Abaixo, confira os quatro estágio para a elaboração do Plano de Desenvolvimento Individual:
1. Alinhamento
A etapa de alinhamento é o passo inicial para o desenvolvimento do PDI. Dessa maneira ele começa, justamente, de forma mais subjetiva, proporcionando maior entendimento entre os objetivos do colaborador e os objetivos organizacionais.
Nessa etapa, é interessante que o gestor direto do colaborador esteja envolvido, para poder contribuir com insights acerca das metas da área/empresa como um todo. Outro ponto importante para essa etapa é que ela seja conduzida em um ambiente tranquilo, sem interrupções externas e que permita um maior nível de transparência e vulnerabilidade entre os envolvidos.
O alinhamento é um ponto extremamente importante pois possui potencial para gerar um dos principais benefícios pretendidos do PDI: aumento de engajamento e motivação. Dessa forma, acarretando em uma maior retenção de talentos.
2. Mapeamento
O mapeamento é essencial para o PDI! Uma dica, nesse caso, é que as competências de interesse da organização já estejam difundidas entre a equipe antes mesmo do início do desenvolvimento do Plano Individual. Pois, na etapa de mapeamento, o colaborador poderá identificar, em parceria com seu gestor, as competências que possui potencial e interesse para desenvolver.
A etapa de mapeamento inicia o processo de transformação do viés subjetivo do PDI em algo mais prático e desdobrável para a prática. Justamente por isso, essa clareza acerca das competências é tão importante.
Além do mapeamento de competências, é importante que, ao final dessa etapa, você tenha clareza sobre os objetivos de desenvolvimento. Para facilitar, você pode criar classificações para esses objetivos. Por exemplo, objetivos de curto, médio e longo prazo ou objetivos de carreira e objetivos específicos dentro da organização da qual você faz parte.
3. Definição de estratégias
Uma vez que você já tem clareza e alinhamento com os objetivos e oportunidades da organização e já entendeu seus objetivos individuais de desenvolvimento (sejam eles de curto, médio ou longo prazo), está na hora de partir para a definição de estratégias.
A definição de estratégias é o momento que marca, de fato, a migração do subjetivo para o tangível. Nesse sentido, você deve vincular planos de ação claros e mensuráveis a cada um dos objetivos que desenhou na etapa anterior. Para isso, tenha sempre em mente que cada ação a acontecer deve ter um resultado esperado claro e capaz de ser medido. Ok?
4. Acompanhamento
Por fim, chega-se à etapa mais importante do Plano de Desenvolvimento Individual: o acompanhamento. Isso mesmo! De nada adianta todo o trabalho de reflexão, desdobramento e desenvolvimento de objetivos e ações se você não manter uma rotina de acompanhamento de tudo o que foi desenhado.
O acompanhamento é essencial não somente para mensurar, mas serve para corrigir a rota em caso de necessidade. Ele também auxilia a gerar motivação com o processo de desenvolvimento como um todo.
Dessa maneira, você pode optar por fazê-lo em reuniões semanais, quinzenais ou mensais, bem como, por meio de registros em uma planilha, report, enfim. O importante é garantir que o acompanhamento aconteça, independente do formato que fizer mais sentido para você!
8 dicas de como fazer um PDI
Confira, abaixo, oito dicas da equipe 4CINCO para fazer um PDI efetivo para sua empresa:
- Priorize o excesso de informações e detalhamento: como já citamos ao longo desse artigo, o processo de desenvolvimento do PDI funciona muito bem com alto nível de detalhamento. Dessa forma, quanto mais específico for o seu plano de ação, as métricas que você utilizará para entender o sucesso do desenvolvimento e o formato de acompanhamento, maiores serão as chances de você finalizar o ciclo com bons resultados e muitos aprendizados;
- Tenha entendimento da zona de conforto x desconforto: o plano de desenvolvimento ideal trabalha com o meio termo entre a zona de conforto e a zona de desconforto. Ou seja, seu plano de ação precisa estar fora da sua zona de conforto de forma a gerar desafio e engajamento. Todavia, não pode ir para o outro extremo, gerando ansiedade e o sentimento de que ele não é passível de ser atingido;
- Busque transparência para falar sobre assuntos delicados: como já mencionamos, o processo de desenvolvimento de PDI, quando conduzido por um gestor em parceria com um colaborador, é um espaço de muita troca e pode gerar frutos muito positivos para a relação. Dessa forma, crie um espaço no qual se pode falar sobre assuntos delicados, como a perspectiva de futuro do colaborador na empresa, objetivos de longo prazo, etc;
- Trabalhe com ações mensuráveis: a etapa de acompanhamento é essencial. Por isso, você precisa ter ações que sejam passíveis de serem medidas e, principalmente, com resultados esperados claros;
- Estabeleça prioridades: entenda que o processo de desenvolvimento passa pelo estabelecimento de prioridades. Ou seja, você precisa ser capaz de identificar os pontos mais críticos e relevantes e focar neles;
- Conecte o PDI com demais processos de gestão de pessoas: o PDI não pode ser um processo isolado! Portanto, deve estar vinculado a uma estratégia de gestão de pessoas bem estabelecida, a competências já mapeadas pela organização como relevantes e, principalmente, com um processo de avaliação e desenvolvimento! Dessa forma, você será capaz de criar uma sequência lógica de processos da gestão de pessoas que façam sentido para o desenvolvimento e evolução do seu time.
Por exemplo, a avaliação de desempenho é uma ótima fonte de recursos e informações a serem trabalhadas pelos seus colaboradores posteriormente. Bem como, o processo de treinamento e desenvolvimento pode fornecer ricas ferramentas para que a sua equipe desenvolva de forma ativa os pontos observados no PDI; - Cuidado com o excesso de objetivos e ações: lembre-se: menos é mais! Um dos erros mais comuns no desenvolvimento de um PDI, principalmente quando essa ferramenta está sendo usada pelas primeiras vezes, é grande quantia de objetivos e ações.
Por isso, entenda que o desenvolvimento é um processo contínuo! É melhor que você estabeleça um número menor de objetivos e ações, mas que realmente se dedique a eles, do que desenvolva uma série de atividades a serem cumpridas que ficarão apenas no papel. Como gostamos de falar aqui na 4CINCO, “você será lembrado pelo que você fez, não pela estratégia”.
Fonte: 4cinco